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Entrevista, Anna Idza

Tatuadora profissional, vocalista da banda Ordem~Psicodélika e apaixonada por Blues, MPB Rock'n Roll e Poesia. Esta é Anna Idza, que segundo ela mesma, fabrica sonhos, dá cores às pessoas com almas coloridas, eterniza lembranças e renova alegrias. Depois de apresentarmos os trabalhos de Anna Idza, fizemos seis perguntas à tatuadora e cantora, para conhecermos um pouco mais os seus trabalhos artísticos.

Um pouco sobre mim:
Um dia, saí da casa da minha mãe e me deparei com uma realidade que não conhecia, vi que tinha de sobreviver! Aos 19 anos estudava música na escola de música Villa Lobos, depois de já ter diploma de shiatsuterapia e parapsicologia. Nada me abrigava, até que tive a idéia de investir na minha arte, porque era a única coisa que nunca iria me abandonar.

Comprei um kit, tatuei em casa um tempo, os amigos, o ex marido, etc. Sempre só fazendo o que eu achava q dava conta. Pés no chão, para não fazer besteira!
Quando tatuava, sentia uma sensação de que poderia chegar onde eu quisesse, transformar minha realidade em cores e viver dela de forma mais intensa. Fui em um estúdio na Taquara, o Anderson me acolheu e foi gentil, mas o estúdio fechou. Sai de lá, precisava trabalhar de qualquer jeito. Fui parar na recepção de um estúdio no centro da Taquara que prefiro não citar o nome, onde eu via muitas coisas erradas, a começar pelos trabalhos do tatuador. Aquilo se tornou difícil para mim, porque ele não me deixava tatuar, em seguida me mandou ir embora, alegando que eu faria melhor e o ponto era dele. Isso só me fez bem, pois fui parar nada menos, do que na Masters of Tattoo, estúdio do Beicinho onde a Flávia Vicentim me acolheu de forma querida e especial, me ensinou muitas coisas, inclusive tudo que eu achava que sabia, lá, era profissionalismo mesmo e aprendi muito com ela e com o Jorge com quem trabalho ainda hoje. Fiquei lá 3 anos, sai com uma quantidade de clientes que fiz por mérito do tratamento que eu dou a todos eles.

Fui para a CIA Da Tattoo. Conquistando aos poucos meu espaço já são 3 prêmios, dentre eles: melhor tatuagem feminina, melhor tatuagem colorida e melhor tatuadora, todos os prêmios nas 3 convenções em que participei em quase 4 anos totais de profissão e 3 de nível em estúdio. Mas isso não seria nada se não tivesse pessoas que acreditam no meu trabalho e enxergam a minha sinceridade e honestidade com a arte.

O que virá cabe ao futuro, mas a única coisa que sei é que estou ciente de que posso sempre evoluir, sem nunca desmerecer as pessoas, saber conquistar sem nunca desdenhar dos outros, e por fim sempre acreditar em mim.
O mundo está aí para quem quer buscá-lo e o otimismo sempre será a melhor escola.

Como iniciou-se na carreira de tatuadora?

Bem, comecei a tatuar porque desde criança amo artes e as praticava constantemente, só não sabia como poderia me render a nível de trabalho, quando me tatuei a primeira vez, aos 16, na minha casa com meu primo de Minas Gerais, vi que a tattoo era uma forma de arte que me impressionou. Mas só fui começar a aprender já com 20 anos.

Como é participar e vencer em convenções de tatuagem?

Amo participar de tudo que possa interagir com profissionais da minha área, aprender coisas novas, trocar informações, ver como está o meu nível de trabalho e querer sempre aprimorar. Eu diria que as convenções servem para dar um “up”, para você criar mais, tatuar mais, evoluir e manter-se conectado com esse mundo da tattoo.

Limão, Alexandre Dallier, Anna Idza e Dani Anna Idza com seu trabalho vencedor

Como concilia o seu trabalho como tatuadora e cantora da banda Ordem~PsicodéliKa?

Olha, bom você perguntar isso. A Ordem~Psicodélika existe na minha vida desde 2002, é um projeto meu que visa tocar só rock antigo psicodélico e clássico, coisa que quase ninguém faz hoje em dia. Na verdade, trabalhando 10 hs por dia e 6 dias por semana, você deve ter uma ideia do tempo que tenho para me dedicar como gostaria a minha música né? (Risos) É triste, mas é verdade, são escolhas, fazer o quê? Mas a música será sempre fundamental na minha vida, é o que dá-me a sensação de liberdade que todo ser humano busca. Até porque antes de ser tatuadora, sou cantora e estudei música a sério.

A música influência o seu trabalho como tatuadora?

Eu diria que tudo está ligado, a sensibilidade de um músico é algo inexplicável, quando você sobe num palco e contagia as pessoas com teu sentimento, para mim, música é isso. Você tem mais chances de saber usá-lo nas horas oportunas. Da mesma forma quero botar isso na minha arte, sentimento nas cores ao traduzir o que meu cliente sonha e pensa de verdade, influencia pois eu sou uma só, apesar das divisões existentes.

Quais são suas maiores felicidades como tatuadora e como cantora?

Minha maior felicidade é saber que vivo da minha arte, do jeito que a concebi, que não dependo de ninguém para me sustentar, que nunca ficarei só, que coloco cores a mais na minha realidade, que me expresso, mostro o que sou de verdade, e o bom disso é que mexemos com a emoção das pessoas, isso nos torna especiais de certa forma. Meu avô foi um grande pintor que morreu desiludido por não conseguir chegar onde queria com sua arte, isso para mim agora, é questão de honra. Viver da arte e conquistar o que quero, romper barreiras!

Quais dificuldades uma garota encontra ao tornar-se tatuadora e que recado enviaria para estas garotas?

Acho que as mesmas de um rapaz ou de qualquer outra pessoa. O que nos torna diferentes é que estamos em uma profissão tipicamente masculina, mas que vem se tornando mista aos poucos, que na minha opinião, para ficar você tem de ser boa. Porque é fácil as pessoas quererem julgar ou não dar nada por você, mas quando elas olham pro meu trabalho, ele fala por si só. O que quero dizer com isso é que não vale a pena você meter-se a fazer algo que não saiba ou que não vai dar o máximo de si. Para fazer a diferença, se você não tiver um bom trabalho, isso não adiantará.

Hoje em dia, vejo muitas meninas começando a tatuar e se dedicando, conquistando seu espaço,mas em contrapartida vejo outras fazendo besteiras, brincando de tatuar e se contentando em fazer o básico de forma precária e simples, sem estudo ou conhecimento, se bastando do fato de ser mulher. Mas garanto que quando você chega com um material bom para mostrar para os tais caras que você sempre ouviu falar, e eles olham e gostam de verdade do que você faz, é o que vale realmente a pena.

Portanto meninas, se vierem, cheguem para arrasar e mostrarem que o mundo da tattoo precisa de um toque feminino. Não façam nunca de qualquer jeito, lembrando de que é um pouco de você que está ali. Amem a arte acima de tudo e mantenham-se dispostas a aceitar críticas e a crescer sempre. E o principal de tudo, o que move as montanhas da realidade: confiem em vocês!

Ganesha de Anna Idza Dragão oriental de Anna Idza Escrita de Anna Idza Estrelas em chamas de Anna IdzaAnjos de Anna Idza Tatuagem preto e cinza de Anna Idza Borboletas de Anna Idza Peixe preto e cinza de Anna IdzaFlores de Anna Idza Série de desenhos de Anna Idza Série de desenhos de Anna Idza Pintura de Anna IdzaPintura (Jimi Hendrix, pontilhismo) de Anna Idza Gravação em estúdio Anna Idza com a turma de MalhaçãoAnna Idza com Samantha, medalha de ouro no Parapan Anna Idza com o jogador Tardelli do Flamengo Anna Idza com os tatuadores cariocas no São Paulo Tattoo Festival Anna Idza em pintura de Celso Mathias

Conheça um pouco do trabalho de Anna Idza com a banda Ordem~Psikodélica:

Esse Clarão – Ordem~Psicodélika
Prêmio: Melhor Canção, festival da Escola de Música Villa Lobos, 2004.
Composição: Anna Idza
Arranjo: Ordem~Psikodélica



Deixa – Ordem~Psikodélica
Influências: Led Zeppelin, Janis Joplin, Jimmi Hendrix, Mutantes, Blues e Rock’nRoll pisicodélico dos anos 70.



Melodificar – Ordem~Psikodélica



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